quarta-feira, 30 de março de 2011

Eschelon: a rede de inteligência das grandes potências

Em seu site, VI O MUNDO, Luiz Carlos Azenha faz uma pequena análise da trilogia do especialista em política internacional, Chalmers Johnson, e publica um excerto do livro The Sorrows of Empire que fala sobre a rede de troca de informações ultra-secretas, chamada Eschelon, entre os países anglo-saxões.

Disponível em:

Um leitor, comentando o assunto, indica o endereço eletrônico de um grupo formado por pesquisadores especialistas que defendem as liberdades civis na Web. Especificamente sobre o Eschelon, acesse:

segunda-feira, 28 de março de 2011

Cybersecurity

O expert do Institute for Information Infrastructure Protection, do Dartmouth College, Charles Palmer diz que, assim como em outros recursos digitais voltados à infraestrutura, os programadores de TI praticamente não consideram os usuários quando da elaboração de processos de design digitais para ferramentas de cybersecurity.

Disponível em:
http://www.thei3p.org/docs/news/newsletter12-10.pdf

Leia também sua entrevista para a BankInfo Security.
Disponível em:

Iº Congresso Brasileiro de Paleografia e Diplomática

Acesse o link para maiores informações e inscrição.

sábado, 26 de março de 2011

Exposição no Arquivo Nacional

Registro de uma guerra surda

Entre 1964 e 1985, o Brasil viveu sob um regime de exceção que se apoio fortemente em uma legislação autoritária, em um abrangente sistema de vigilância e repressão, e ações extra-oficiais contra opositores do regime, representadas por prisões ilegais, torturas, mortes suspeitas e desaparecimento. Durante o período, grande quantidade de documentos foi produzida pelos órgãos oficiais de repressão política, como sumários informativos, fichas de polícia técnica, relatórios de atividades daqueles considerados "subversivos", fotos de atividades "suspeitas" e pareceres da censura.

Hoje, essa documentação encontra-se guardada no Arquivo Nacional e também em arquivos regionais Brasil afora. O projeto Memórias Reveladas, que busca organizar e divulgar estes acervos e manter viva a memória deste período, traz a público a exposição Registros de uma guerra surda, uma amostra não apenas da documentação oficial, mas também daquilo que foi produzido por órgãos de imprensa e organizações que se dedicavam a combater o regime.

Trecho disponível na Página do Arquivo Nacional. Saiba mais sobre o evento em: http://www.arquivonacional.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm

terça-feira, 8 de março de 2011

O Paradigma do Acesso Livre

Uma ampla e profunda discussão toma conta da produção científica internacional, a proposta formulada pelo Movimento do Acesso Livre. Esse Movimento preconiza que toda a produção científica seja acessível de forma irrestrita, não só pelo público especializado, mas também por todo o cidadão que deseja simplesmente buscá-la. Em uma verdadeira mudança de paradigma, o tradicional modelo de comunicação científica seria abalado em suas estruturas políticas e legais.

O aprofundamento da globalização, causado por uma maior liberalização econômica e maior intensidade das inovações tecnológicas a partir da década de 1990, abalou as grandes fontes de informação científica, que são os periódicos. Dominadas basicamente pelos países centrais do sistema internacional de poder, principalmente por agências científicas norte-americanas, esses periódicos tiveram que se adequar à uma nova realidade geopolítica e econômica. Antes tornadas acessíveis aos países periféricos somente por meio de vultosos recursos, mormente públicos, essas fontes passaram a buscar alternativas para suprir o decréscimo na demanda por seu conteúdo.

Tudo começou em fins do século XX, quando a função primordial de comunicar trabalhos científicos deixou de ser um atributo de instituições públicas comprometidas com o democrático direito das sociedades em se beneficiarem do conhecimento produzido em suas hostes, para dependerem dos limites impostos por um mercado do saber, medidos por meio do estabelecimento de preços. Impôs-se, com isso, um gap informacional, consolidando ainda mais a diferença entre pobres e ricos, ou melhor definindo, entre incluídos e outsiders.

As barreiras impostas pelos altos preços dos periódicos, limitam a divulgação dos trabalhos científicos brasileiros, assim como as consultas necessárias aos cientistas para o crescimento científico e tecnológico das instituições acadêmicas, em particular, e para o desenvolvimento do país em geral. Tradição que poderia ser quebrada pelos possíveis usos que se fazem das tecnologias da informação e da comunicação - TICs, principalmente por meio de seu maior fenômeno, a Internet, em que a informação é disseminada just in time em suas versões on-line.

Nesse sentido, um amplo movimento tomou forma, pelo acesso livre e irrestrito à informação produzida pelas organizações de pesquisa, o que abriu a possibilidade de se discutir um novo paradigma em termos de produção, divulgação e acesso à informação e ao conhecimento. Um processo político que emerge no bojo da discussão sobre a Sociedade da Informação, em meio ao surgimento de novos atores a partir da relativização dos poderes constituídos e de uma maior participação da sociedade civil nos destinos da humanidade. O Brasil demonstra grande maturidade no desenvolvimento de programas relacionados ao Movimento, ocupando atualmente o quarto lugar entre os países que mais estruturaram repositórios de acesso livre, como bem demonstra a iniciativa do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia-IBICT, ao lançar seu portal de divulgação científica, o CanalCiência.

Toda essa prática na busca por interesses comuns e universais possui um significado que vai além da técnica, alcançando o arcabouço cultural e, por isso, mais abrangente. Processo que exige programas de gestão mais profundos e orientados por iniciativas pedagógicas claras para que a informação possa efetivamente ser apreendida como conhecimento socialmente transformador.

Organização política e usos das Redes Sociais

Nos últimos anos testemunhamos um uso mais intensivo das tecnologias da informação e da comunicação - TICs, por parte de movimentos sociais para a contestação política no interior das nações. Mas os usos das TICs são muitas vezes mal compreendidos pela imprensa, que superestima o papel das redes sociais digitais no âmbito das principais manifestações ocorridas nas duas últimas décadas.

Na realidade, esses espaços digitais são sub-produtos oriundos da soma do desenvolvimento das TICs com iniciativas de organizações políticas de base que tenham a possibilidade de contar com um suporte de comunicação digital. Sabe-se que a Internet ainda não se configura como um meio de comunicação de massa, restringindo-se às sociedades mais desenvolvidas, embora continue a crescer a taxas altíssimas, principalmente entre os países em desenvolvimento. A questão é que, em qualquer situação na qual haja necessidade de organização política com uso de redes sociais digitais, é primordial que haja acesso aos suportes de comunicação da informação. Do contrário, poderá haver, no máximo, a divulgação de iniciativas políticas em andamento, mesmo assim, para aqueles que possuem acesso às redes sociais digitais. Nesse sentido, pode-se dizer que essas redes podem contribuir mas não determinar transformações radicais de regimes políticos ou formas de governo.

O final do último milênio foi palco da primeira grande manifestação social apoiada com o uso das TICs. Em 1999, ocorreu em Seattle uma manifestação contra a reunião da Organização Mundial do Comércio-OMC, que ficou conhecida como a Batalha de Seattle. O mais marcante é que, pela primeira vez, uma manifestação foi totalmente organizada com a utilização de redes sociais digitais. Mais importante do que constatar isso, é que está se falando de um movimento ocorrido em uma sociedade desenvolvida social e economicamente, situada em um país de alta performance no desenvolvimento das TICs e com alto índice de inclusão digital.

Nesse caso, existe uma relação direta entre a mobilização política e o acesso à informação, que pressupõe necessariamente, que haja acesso a um suporte de comunicação digital e, principalmente, ao TCP/IP (Protocolo de acesso à Internet). De um modo geral, a organização para a mobilização política independe do tipo de suporte utilizado para tal. Podendo ser mesmo fruto do boca-a-boca entre integrantes de determinada coletividade disposta a transformar um contexto qualquer. A diferença básica é que as redes sociais digitais dão velocidade à tomada de decisão e flexibilizam as ações do grupo, ajudando a mudar rapidamente suas estratégias.

Por outro lado, em um contexto onde não existe tal disseminação das TICs, notadamente nos países periféricos do sistema internacional de poder, a tal da mobilização política via redes sociais digitais, é pouco provável. Os atuais casos envolvendo os países muçulmanos apresentam várias gradações e especificidades em relação à forma como surgiram. No Egito, por exemplo, acredita-se que sejam muito mais fruto da mobilização oriunda das atividades comunitárias desenvolvidas nas mesquitas, do que das dinâmicas promovidas nos espaços digitais. Se essa mobilização foi determinada pelas redes sociais digitais, é outra história, e muito pouco provável que tenha ocorrido. O mesmo, de certa forma, pode ter acontecido nos outros países do norte da África e do Oriente Médio.

Portanto, a análise com relação aos usos da Internet e de seus sub-produtos, as redes sociais, deve ser cuidadosa, levando sempre em consideração o contexto social e político nos quais são pensados e organizados. As TICs são aéticas e não nascem do nada, mas da iniciativa e de relações que se dão no mundo real, concreto e ideológico.